Fundo rotativo solidário será apresentado como oportunidade ao extrativismo na Amazônia

Um dos principais desafios para o melhor desenvolvimento do extrativismo na Amazônia é garantir que os coletores recebam um preço justo pelo trabalho. Para que isso acontecesse foi criado há dois anos no Noroeste de Mato Grosso o Fundo Rotativo Solidário, voltado para a cadeia da castanha-do-Brasil. A iniciativa será apresentada na terça (14) na sede do Bando da Amazônia, em Belém (PA) como possibilidade de modelo de replicação na Amazônia.


Desenvolvido pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena – Aderjur, em parceria com a Associação de Mulheres Cantinho da Amazônia – Amca e Cooperativa de Agricultores do Vale do Amanhecer – Coopavam, a ideia é bastante simples. A Amca e a Coopavam podem emprestar recursos do fundo para pagar à vista a produção dos coletores de castanha de associações indígenas e cooperados.


Dessa forma, os coletores recebem um valor justo pela castanha e a associação e a cooperativa podem fechar acordos de compra e venda de castanha para empresas. A disponibilidade de recurso é boa para as empresas também, pois podem ter uma oferta regular de castanha em amêndoa ou óleo de castanha.


Para garantir o início do funcionamento do Fundo Rotativo Solidário, a Climate and Land Use Alliance – Clua fez um aporte de 400 mil reais. A Clua é uma coalizão de entidades que acreditam que as florestas conservadas e o uso sustentável da terra são importantes para uma resposta global às mudanças climáticas.
Dez anos de trabalho
Apesar de a ideia ser aparentemente simples, foram necessários mais de dez anos de trabalho da Aderjur com o projeto Poço de Carbono Juruen, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental e Governo Federal. Foi com o Poço de Carbono Juruena que entidades como a Coopavam, Amca e diversas outras puderam se desenvolver na região Noroeste de Mato Grosso, desde a capacitação em boas práticas até a organização das entidades.
A Aderjur, com recursos do projeto, também incentivou a certificação da produção, construir fábricas de beneficiamento de castanha, óleo, farinha e outros derivados.


“Quando tudo parecia pronto para a comercialização do extrativismo da floresta para a fábrica e da fábrica para o consumidor final vimos que era necessário capital de giro para que as entidades possam comprar com a castanha dos coletores com preço justo e à vista, numa escala suficiente para viabilizar o negócio”, explica Paulo Nunes, coordenador do projeto Poço de Carbono Juruena.


“E se isso está funcionando em nossa região, com a castanha, agora poderá ser replicado na Amazônia, com outros produtos extrativistas, posto que o problema não é a produção e sim o acesso ao mercado justo”, finaliza.


Poço de Carbono Juruena
O projeto Poço de Carbono Juruena, patrocinado pela Petrobras e desenvolvido pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena – Aderjur, busca oferecer alternativas sustentáveis de renda aos agricultores familiares e povos indígenas.


O projeto apoia o extrativismo da castanha-do-Brasil em vários municípios do Noroeste de Mato Grosso. Promove a educação ambiental para a gestão e conservação dos recursos naturais. Também incentiva a diversificação de cultivos na recuperação de áreas por meio de sistemas agroflorestais em pequenas propriedades de Juruena. Dessa forma, os agricultores têm diversas opções de cultivos e uma renda garantida e melhor distribuída ao longo do ano. Além do benefício econômico, os sistemas agroflorestais “imitam” o comportamento da floresta, armazenando carbono e ajudando a mitigar os efeitos das mudanças climáticas. 



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