Médica veterinária será a primeira cientista a representar o Brasil na final internacional da competição FameLab

Na última segunda-feira (16/11), Gabriela Ramos Leal, 32, foi anunciada finalista do FameLab Internacional. Além de ser a primeira mulher a vencer a edição brasileira e a representar o país internacionalmente, a médica veterinária soma mais uma conquista: na história do concurso, nenhum outro competidor brasileiro chegou a última etapa internacional, que terá seu vencedor revelado no dia 26/11, ao vivo, no YouTube.

Criada pelo Festival de Ciência de Cheltenham e realizada pelo British Council, a competição de comunicação científica reuniu pesquisadores de 32 países que disputaram uma das 10 vagas na final. Além da escolha do júri, o público também pode escolher seus dois favoritos. No próximo dia 26, a jovem representará o país entre finalistas da Coréia do Sul, África do Sul, Catar, Reino Unido, Austrália, Malásia, Suíça, Cazaquistão e Egito.

“A competição é feita para traduzir a ciência para a população. Então, ganhar no voto da audiência é fazer com que eu me sinta já uma vencedora independentemente de qualquer resultado”, comenta Gabriela sobre ter sido uma das escolhidas pela audiência. Ao todo, foram mais de 7.000 votos vindos de 75 países.

Mestre e Doutora em Clínica e Reprodução Animal pela Universidade Federal Fluminense e docente da Universidade Castelo Branco (UCB) na área de embriologia veterinária, a jovem conquistou o público com um conceito científico de muita relevância para a atualidade: animais geneticamente modificados para a produção de substâncias que ajudam no tratamento de doenças, como a insulina produzida no leite da vaca (clique aqui para assistir).

Tradicionalmente no concurso, os jovens recebem um treinamento em comunicação científica com especialistas para apresentar um conceito científico de forma clara e carismática. Na visão da pesquisadora, a pandemia ainda trouxe uma outra importância para o programa. “Sempre houve necessidade de uma comunicação científica melhor para combater as fake news que aparecem por aí. E a pandemia se tornou um momento propício para isso porque até quem não se interessa ou até mesmo não acredita em ciência está esperando o que os pesquisadores têm a dizer nos próximos meses.”

No meio acadêmico, a jovem conta que não teve dificuldade de inserção, mas o ambiente abriu sua percepção para questões raciais. “Hoje inclusive eu faço parte de um coletivo de médicos-veterinários negros porque a gente percebe essa necessidade inclusive de representatividade. Por exemplo, eu não tive um professor preto na faculdade”, afirma. De acordo com a plataforma Open Box da Ciência, iniciativa da organização Gênero e Número, as mulheres representam 46% das docentes de ensino superior, mas apenas 23% delas são pretas e pardas.

Com base em dados do CNPq 2015, o levantamento ainda observou que apenas 25% dos pesquisadores sênior A1 (nível mais elevado) eram mulheres. De acordo com a jovem, apesar de ainda ter um longo caminho pela frente, a representatividade feminina na ciência está aumentando. “Até mesmo por um problema de comunicação, as pessoas têm essa ideia de que o cientista é sempre um homem, de jaleco, geralmente mais velho e meio emburrado. Poder mostrar que a ciência tem todas as caras, todas as cores e todos os gêneros foi bem especial.”, conclui.

Final brasileira em rede nacional

A 4ª edição do FameLab Brasil anunciou a vitória de Gabriela no dia 15/11, em um programa especial transmitido em rede nacional pela TV Cultura e apresentado por Marcelo Tas. A apresentação que deu o título de primeira mulher a representar o país internacionalmente é muito relevante para a atualidade: o desenvolvimento de soro para tratar a Covid-19 a partir de testes em cavalos (clique aqui para assistir).

Sobre o FameLab

Criada em 2005 pelo Festival de Ciência de Cheltenham, a competição é realizada pelo British Council em 32 países com o objetivo de promover a aproximação entre cientistas e público em geral, por meio da contextualização e abordagem de temas científicos no dia a dia da sociedade, além de incentivar o desenvolvimento de competências em comunicação, em especial a habilidade oral.

No Brasil, a 4ª edição conta ainda com a parceria do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e da TV Cultura.

Além do FameLab, o British Council se consolida como fomentador da ciência no país por meio dos programas Universidades para o Mundo, Mulheres na Ciência e Newton Fund.



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