Antonio Joaquim busca testemunhos de antigos moradores para rebater denúncia de crime ambiental
“A verdade sempre aparece e as injustiças são reparadas, pois nenhuma mentira resiste ao tempo e aos fatos”. Essa é a expectativa do conselheiro do TCE-MT Antonio Joaquim, no caso em que foi denunciado pelo Ministério Público Federal perante o Superior Tribunal de Justiça, por suposto crime ambiental. O conselheiro diz que informações, testemunhos e imagens históricas, assim como documentação fotográfica atual e laudos periciais, demonstram que ele está sendo, “mais uma vez”, vítima de uma ação desproporcional e estranha do órgão ministerial e de uma doentia perseguição feita por um vizinho.
Acusado de desmatar uma APP para implantar uma estrada e assorear um córrego para captar água para reservatórios de sua fazenda, Antonio Joaquim esclarece que tem autorização da Sema para a ação e, quanto à estrada, se diz perplexo como a injúria, posto que o traçado existe desde meados do século passado. Para ele, o MP se baseia unicamente em descabidas denúncias entabuladas pelo médico Alonso Alves, seu vizinho de fazenda e desafeto declarado, para tentar lhe imputar algo que seria facilmente desmascarado e esclarecido com uma simples visita à região.
O conselheiro recorre a testemunhos de moradores da região de uma época em que ele nem sonhava com os ares da Serra das Araras, no município de Nossa Senhora do Livramento (chegou na região no inicio dos anos 90). Pessoas como Antonio José Pompeo de Campos, o Picote, de 85 anos, que chegou na região em 1972. Picote conta que a estrada já existia décadas antes de vender um pedaço de sua propriedade para Antonio Joaquim construir o hoje Rancho T.
Picote explica que essa estrada era usada desde a década de 1960 por tropeiros. Mesma versão atestada por Antonio José Bonini, 73, dono da Fazenda Buriti Alegre. Este diz que fez melhorias na estrada em épocas que o conselheiro nem tinha chegado na região. Também Geraldo da Silva Barros, o Geraldinho, 58 anos, terceira geração de uma família que nasceu e se criou na área. Disse que conhece a estrada de tempos de sua infância. Paulo Fernandes da Silva, 78 anos, também se recorda da antiga estrada.
Aliás, essa é a mesma estrada usada pelo denunciante do conselheiro Antonio Joaquim, o médico Alonso Alves, que junto com o pai Alonso Alves Pereira são donos da Fazenda Bocaina. Alonso e Joaquim são vizinhos ao pé da Serra das Araras. Dono da fazenda Bocaina; o conselheiro, dono do Rancho T. A área do conselheiro é cortada ao meio pela propriedade do médico. A circulação é feita por uma antiga estrada, pela qual se tem acesso à serra.
O entrevero começou por conta do uso dessa servidão pública e descambou para troca diversa de acusações. O médico, que capta água no mesmo córrego que o fazia o seu vizinho, resolveu denunciá-lo por desmatamento e assoreamento depois que Antonio Joaquim resolveu trocar o encanamento e aterrou os canos de 50 mm ao longo de estrada. Alonso alegou que a estrada passava por sua propriedade, não importando se era servidão pública ou não. Por conta disso, passou trator e arrancou mais de 4000 metros de canos.
Na velha máxima de “um boi para entrar em uma briga e uma boiada para sair”, o caldo entornou com o médico denunciando o conselheiro em todas quanto possíveis instâncias judiciais. Fez os mais diversos tipos de acusações. Não apenas contra o conselheiro. Sobrou denúncias a órgãos como o CNJ para juizes que rejeitaram argumentos lançados pelo médico. Também foram denunciados servidores da área de seguranla.
Alonso Alves chegou a contratar jornalistas para forjar jornais e noticias contra seu desafeto. Dois desses jornalistas chegaram a ser presos após tentativa de chantagem ao conselheiro, para não publicar mais injúrias. Por isso, para o conselheiro, a polêmica da estrada, da água, do crime ambiental, enfim, tudo sempre teve como objetivo o desgaste de sua imagem pública.
Se no caso da estrada Antonio Joaquim revela toda sua perplexidade com os desdobramentos do caso, na questão do assoreamento diz estar tranquilo, mas de novo aponta uma grande injustiça. Explicou que mandou construir uma espécie de suspiro, para devolver água não utilizada no próprio leito do rio, de maneira a evitar desperdício. “Bem melhor que ficar escorrendo água depois que os depósitos ficavam cheios, no final do encanamento”. Sua preocupação ambiental resultou em uma denuncia, que alude aos respingos do suspiro a possibilidade assoreamento de margem do córrego. Só que no local, uma cachoeira, o que não faltam são respingos de água.
No caso do desmatamento, outro fato estranho. O dano ambiental seria decorrente de corte de galhos e vegetação rasteira, em certo trecho, com largura de um metro, para instalação do cano a céu aberto. Laudo da Sema informa que, no ato da visita de inspeção, a vegetação já tinha sido recomposta. Mas foi penalizado a plantar 27 mudas nativas. O inusitado é que, junto com o encanamento cor azul de Antonio Joaquim, existia um outro, de cor preta, que leva água para a propriedade do médico Alonso Alves, este sem autorização alguma da Sema para captação. Para ele, sequer uma única citação.