Precisamos de uma sociedade com um novo pensamento para se ter uma nova sociedade, diz promotor

O combate à corrupção foi o tema em destaque no primeiro dia de palestras da Parecis SuperAgro – feira de agrotecnologia que acontece no Parque “Odenir Ortolan”, em Campo Novo do Parecis (a 420 km de Cuiabá), até esta quarta-feira (12).
O evento reuniu especialistas regionais e nacionais na área de combate aos crimes contra a ordem e erário públicos, durante o painel “Justiça Contra a Corrupção”. De acordo com o promotor de Justiça Fabio Galindo, que é ex-secretário de Segurança do Estado e atualmente ocupa o cargo de subcorregedor Nacional do Ministério Público, em Brasília, o sistema brasileiro penal não está ajustado para o combate à corrupção de maneira adequada e eficiente.
"Sinto-me frustrado. Eu começo uma operação, ofereço denúncia e o resultado final de condenação e devolução ao estado é pífio. Quase zero. Contudo, vale ressaltar que a Operação Lava Jato é marcante pelo momento histórico em que ela acontece, pois conseguiu traduzir toda essa insatisfação social com a corrupção. Precisamos criar uma sociedade com um novo pensamento para que se construa uma nova sociedade e tempo", ressaltou.
Conforme explicou o procurador da República, Douglas Fischer, ex-coordenador da Operação Lava Jato, os nossos sistemas não são transparentes – inclusive, o país figura em 76º lugar no ranking de transparência mundial.
"Precisamos modificar isso. Da mesma forma, precisamos mudar a visão que o brasileiro tem em relação à ’vantagem’. A corrupção atinge todos os segmentos da sociedade. Atinge também os produtores rurais. Precisamos de melhorias legislativas, pois elas serão fundamentais para irmos atrás desses crimes e combatê-los", ponderou Fischer.
Durante o painel, o procurador-geral do Estado de Mato Grosso, Rogério Gallo, destacou que é preciso estar sempre vigilante, tendo em vista que episódios de corrupção vão continuar ocorrendo no país. “A Procuradoria Geral do Estado – bem como os demais órgãos – servem como um front de batalha para evitar que novos casos aconteçam", enfatizou Gallo.
Já o subprocurador-Geral Fiscal do Estado de Mato Grosso, Leonardo Vieira de Souza, ressaltou que "antes ninguém enxergava a luz no fim do túnel, mas bastou vir pessoas de coragem para mudar a realidade – que, por sua vez, foram impulsionadas pela própria sociedade".
WILLIAM WAACK – No período da manhã, o jornalista William Waack também falou sobre corrupção durante sua palestra que fala sobre "Cenários Econômicos e Políticos: Onde Estamos e Para Onde Vamos?".
Ele disse que é preciso desfazer um nó-político. “Quando falamos que tudo no país depende da decisão política, estamos falando da resposta política para questões sociais e econômicas muito sérias. Contudo, precisamos desfazer um nó-político, que envolve a necessidade de se ter líderes e de descrédito por conta da corrupção”.
William destacou que a operação Lava Jato impôs transformações ao sistema político brasileiro. “Esta operação colocou uma dificuldade muito grande para que se cometa mais atos ilícitos. Quebrou um padrão tradicional de funcionamento da política”, falou Waack. “A população está com nojo da política, mas é somente dentro da esfera da política que vamos conseguir resolver os problemas sociais e econômicos”, complementa.
Pela primeira vez em Campo Novo do Parecis, Waack aproveitou para fazer um balanço sobre o agronegócio na região.
"Fico impressionado com a capacidade que a cidade tem em gerar riquezas e possibilidades. E, ao mesmo tempo, constrangido de chegar aqui e dizer para as pessoas \'vocês poderiam estar muito melhor do que estão não fosse a nossa política\'. Não vejo a política progredindo ao ponto de dar as esperanças que os produtores querem ter", destaca.
O jornalista explica que o problema da crise não é enxergar que este ou aquele setor da economia possa ser melhor, pior ou adequáveis para o país crescer, “mas termos estipulado ‘por escrito’ um país do bem-estar social”.

 



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