Mesmo com liminar, paciente aguarda por UTI há mais de 42 horas
Irleide Alves Cordeiro, 42 anos, internado desde quarta-feira (15) no Hospital Regional de Alta Floresta devido a um acidente com uma espingarda, aguarda a transferência via UTI aérea para cirurgia com médico especialista em bucomaxilo facial.
Procurada pela família do paciente na madrugada de ontem (16), a Defensoria Pública acionou a Justiça imediatamente e, à 1h25 do mesmo dia, a liminar foi deferida, mas até agora não foi cumprida pelo Governo do Estado e pelo município de Alta Floresta.
A Justiça fixou prazo de seis horas para o acatamento da decisão. A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea é imprescindível porque o Hospital Regional de Alta Floresta não possui estrutura nem equipe médica necessárias ao tratamento do paciente.
“No entanto, passadas mais de 42 horas, nenhuma providência foi adotada pelo poder público, deixando o paciente desamparado e a família desesperada, que juntamente com a Defensoria Pública, não mediu esforços para a obtenção de orçamentos médicos”, afirmou o defensor Felipe Takayassu, que atua em Sorriso e atendeu o caso no plantão.
A lesão com arma de fogo acarretou múltiplas faturas dos ossos da face, com a presença de pedaços metálicos. Segundo os relatos médicos, Cordeiro foi vítima de acidente com ferimento de entrada na região mandibular, mas sem indício de saída do projétil.
Família – O caso é grave. Irleide deu entrada na unidade hospitalar quase inconsciente, com sangramento na face e múltiplas faturas. Ele é casado e tem dois filhos, um de 5 e outro de 14 anos. O auxiliar de serviços gerais estava em casa com a esposa e os filhos no momento do acidente, por volta das 5h30 da manhã desta quarta-feira.
“A família está se sentindo abandonada. Não temos condições de pagar tratamento particular. A gente é pobre, humilde, trabalhador, depende do Estado, mas fica nessa pendenga. Um joga para o outro e ninguém resolve”, desabafou Ivone Pereira Cordeiro, 44 anos, irmã do paciente.
Apesar do monitoramento constante por toda a equipe da Defensoria, que envolveu esforços conjuntos de três defensores e dois assessores, junto à Central de Regulação do Sistema Único de Saúde (SUS), até o momento não foi disponibilizada vaga de UTI na rede pública.
“Três pedidos de bloqueio judicial das contas do Estado encontram-se pendentes de apreciação judicial, a fim de possibilitar o tratamento pela rede privada, única saída para tutelar o direito constitucional à saúde do assistido”, destacou Takayassu.
A família está angustiada com a situação. “A situação é muito séria. O rosto dele ficou todo deformado. Estamos de pés e mãos atadas. Nosso outro irmão disse que tem vaga de UTI em Cuiabá, mas estaria tudo reservado para os casos de coronavírus”, lamentou Ivone, muito abalada, ao telefone.