Catadores de recicláveis terão acesso a audiência pública sobre aterro sanitário

Mais de 70 catadores de materiais recicláveis, que trabalham no lixão de Várzea Grande, assistirão, do auditório da sede administrativa da Defensoria Pública de Mato Grosso, a audiência pública virtual, na qual a empresa Welfare Ambiental apresentará o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (Eia/Rima) para a implantação do aterro sanitário em Várzea Grande.

O evento está marcado para a terça-feira (26/10), das 9h às 11h, no prédio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). Apreensivos com a possibilidade de perda de seus empregos, os mais de 200 catadores do local, pediram auxílio da defensora pública que atua em Várzea Grande e integra o Grupo de Atuação Estratégica (Gaedic/Catadores), Cleide Nascimento, para participarem do evento, fazer perguntas e buscar respostas sobre o seu futuro profissional.

“Nossa expectativa na audiência é de apresentar o pedido para que sejamos contratados pelo município de Várzea Grande, para que possamos ser incluídos nesse processo, conforme determina a lei. Somos associação e se o município e o prefeito quiserem, podem nos contratar, para fazer o trabalho de educação ambiental e coleta seletiva na cidade. Com o fechamento do lixão, sem a nossa inclusão, perderemos o emprego”, apela a presidente da Associação Mato Grosso Sustentável (Asmat), Maria Aparecida do Nascimento, a Cidinha Catadora.

Outra das intenções dos catadores em acompanhar a audiência pública é a de conhecer o que será feito no local e como será feito. “Queremos saber como estamos incluídos nesse processo. Ninguém nos explica nada, a única coisa que sabemos é que o local de nosso ganha-pão pode ser fechado a qualquer momento, por não respeitar a lei. Porém, onde vou trabalhar?”, pergunta a catadora Daniela de Deus Coelho, há três anos no Lixão.

Daniela conta que passou a trabalhar no Lixão depois que o filho, adolescente, foi obrigado a deixar o local. “Meu filho me ajudava, catando material lá. Porém, é menor, teve que parar de trabalhar e eu fui. Antes, eu fazia faxina nas casas, mas na faxina se eu tirava R$ 80 por semana, era muito. Não era todo dia que eu conseguia casa pra limpar. No lixão, eu consigo R$ 400 por semana. Pra mim, que tenho filho pra criar, é fonte de sustento”, explica.


A coordenadora do Gaedic/Catadores, Carolina Weitkiewic, avalia que a situação dos catadores de Várzea Grande, como em qualquer encerramento de lixão, é muito preocupante. “As informações que temos ainda não são sólidas sobre como eles poderão continuar na atividade. Sei que existem propostas para ajudá-los, porém, todas insuficientes e assistenciais. Os catadores estão preocupados, e nós por consequência, também. Existe um grande risco de perda financeira para eles, a situação é periclitante e estamos acompanhando de perto”, disse.


A defensora Cleide está em viagem à Sinop, onde busca conhecer o processo de encerramento do lixão lá, para saber como foi feita a transição, pois o modelo adotado naquele município será o mesmo usado em Várzea Grande.

FOTO ASSESSORIA 



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