Bolsa Família: histórias de quem tem no benefício um suporte indispensável
Retomada do programa de transferência de renda do Governo Federal simboliza um horizonte especial para mães solos, que passam a ter atenção especial
Um grande percentual de beneficiários do Bolsa Família é composto por mães solos. Pessoas que têm a missão de fazer a conciliação entre trabalho e acompanhar de perto a criação e o cuidado de meninos e meninas. Para elas, o retorno da perspectiva do Bolsa Família de reconhecer as peculiaridades de composição familiar é essencial.
O programa relançado pelo Governo Federal nesta quinta-feira, 2/3, prevê um repasse adicional de R$ 150 para cada criança de até seis anos e um adicional de R$ 50 para gestantes e crianças de sete a 18 anos.
Além disso, o Bolsa Família retoma o enfoque em condicionalidades como o acompanhamento nutricional das crianças, o pré-natal das gestantes, a frequência escolar dos meninos e meninas e o cumprimento do calendário de vacinação previsto no Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.
Conheça algumas dessas histórias
Maria Izaete: o açaí não pode faltar
A Vila Bira Barbosa, em Belém (PA), é daqueles muitos pedacinhos de Brasil de ruas estreitas, casas geminadas, vizinhança solidária e todo tipo de comércio informal. É ali que a vendedora autônoma e mãe solo Maria Isaete Trindade Cunha, de 35 anos, cria os filhos Breno (14 anos), Bruno (12) e Bárbara (9) num sobrado acanhado que divide com as famílias de outros dois irmãos.
O cotidiano de Maria Isaete é todo em torno dos pequenos. Desperta às 6h30 com o celular para ajudar o mais velho a tomar o café da manhã (“um Nescauzinho ou um café”) antes de ir para a escola. Por volta das 13h30, acompanha os outros dois na caminhada para o colégio e os busca no fim da tarde. "Minha vida é essa aí", brincou.
Diante da renda incerta de vendas por comissão de produtos de catálogo de cosméticos, ela equilibra as contas com o Bolsa Família e vê um alento agora, com a possibilidade de ganhar os R$ 50 adicionais por criança de sete a 18 anos na composição familiar. “Vai ajudar demais no dia a dia”, considera.
No cotidiano, ela procura variar cardápios com frango, peixes, ovos, salsichas e macarrão, que viram guizados, cozidos e assados, mas há um ingrediente que não pode faltar. "O açaí é o principal. Eles só almoçam e jantam se tiver açaí. A gente põe a farinha que vem lá do Bujaru (interior do Pará), que meu pai e meu irmão mandam. Aqui no Pará o açaí não é aquele fino, é um pirão mesmo, para a gente poder se encher", brincou.
Para o futuro, ela aposta na educação como senha para que os meninos tenham oportunidades e conquistas. "Olha, o meu sonho, que oro toda noite, é para que eles estudem direitinho para serem alguém na vida", disse.
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