Abílio tumultua sessão de CPI e é ameaçado de punição

O presidente da CPI Mista dos Atos Golpistas, Arthur Maia (União Brasil-BA), ameaçou, nesta quinta-feira (22), levar o deputado Abilio Brunini (PL) ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

A ameaça ocorreu após uma série de interrupções do deputado de Mato Grosso, que não faz parte da comissão, durante a sessão.

Em tom de voz elevado e com dedo em riste, Arthur Maia afirmou: "Vou encaminhar o nome de vossa excelência ao Conselho de Ética. Eu não vou permitir que vossa excelência fique tumultuando esses trabalhos da CPI. Vossa excelência não vai conseguir isso", disse.

O presidente da comissão fez frequentes reclamações sobre as interrupções feitas durante a fala de parlamentares ou depoentes na comissão.

Nesta quinta, a CPI ouviu investigadores e investigados pelo episódio em que uma bomba foi colocada em um caminhão na entrada do Aeroporto de Brasília, às vésperas da posse do presidente Lula (PT).

Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Brunini interrompeu outros parlamentares e os depoentes desde o início da sessão. A discussão com Arthur Maia ocorreu após a exibição de um vídeo associando uma "tentativa de golpe" a políticos da oposição.

As imagens foram exibidas a pedido do deputado Rogério Correa (PT-MG), que afirmava que a "tentativa de golpe" no Brasil foi um "processo" que envolveu, entre outros episódios, o caso da bomba no caminhão em Brasília.

Em seguida, foi exibido o vídeo com reportagens exibidas por emissoras de TV sobre o assunto, e o deputado alegou que as imagens exibidas "doem" e "mostram". Porém, Correa não conseguiu concluir a frase.

Nesse instante, Brunini apresentou uma questão de ordem, afirmando: "O que é isso, presidente? Ele não pode fazer em tom afirmativo, presidente".

Arthur Maia, então, se dirigiu a Rogério Correa e afirmou que o deputado teria mais um minuto para concluir o raciocínio.

Em seguida, afirmou ao plenário que, a cada nova interrupção, Correa teria mais um minuto.

"Mas, presidente, o senhor vai permitir fake news? Vai permitir fake news?", indagou Brunini a Arthur Maia.

O presidente da CPI, então, respondeu ao deputado, em tom mais alto: "Eu afirmo à vossa excelência que vossa excelência não vai conseguir tumultuar nosso trabalho. Se vossa excelência insistir com esse seu papel, vou fazer uma representação da presidência contra vossa excelência no Conselho de Ética. Não vou aceitar isso."

 

Arthur Maia, então, devolveu a palavra a Rogério Correa. O presidente da CPI foi aplaudido por parte dos presentes.

Enquanto isso, Brunini sorria e fazia sinal negativo com a cabeça.

ATRASADO - Em outro momento, enquanto havia a oitiva de Renato Martins Carrijo, perito criminal da Polícia Civil do Distrito Federal, Abílio pediu para que ele se identificasse.

Arthur Maia, então, chamou a atenção do político mato-grossense. "Se vossa excelência tivesse chegado no horário que começou a sessão, não precisaria ter feito essa pergunta. Isso foi colocado no começo da sessão, como também o nome do depoente está escrito ali", disse, apontando para a placa em cima da mesa.

"Eu vou pedir pela terceira vez à vossa excelência que se mantenha calado como todos os seus pares estão fazendo nessa comissão", acrescentou.

Em outros momentos da sessão, Abílio foi acusado, não só pelo presidente da CPMI, mas por colegas parlamentares, de atrapalhar a sessão. 

“É impressionante. Toda reunião ele tenta atrapalhar os trabalhos”, disse a deputada Erika Hilton (Psol-SP).

REINCIDENTE - Bolsonarista extremista - que, inclusive, defendeu os atos antidemocráticos contra o Congresso e o STF -, o deputado federal  Abílio Brunini (PL) já protaginizou outros tumultos, dentro e fora do Congresso.

Em abril, o parlamentar mato-grossense tentou tumultuar uma entrevista coletiva concedida pelos senadores Jaques Wagner (PT-BA) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Ao tentar tomar a palavra do senador petista, ele foi advertido por um policial legislativo, no Congresso Nacional.

Já fez isso no começo de março deste ano, quando tentou atrapalhar a visita que o presidente Lula (PT) fez a Rondonópolis (212 km ao Sul de Cuiabá), para entregar habitações do programa "Minha Casa, Minha Vida". Teve que ser contido por seguranças e retirado do local, sob vaias.

 

FOTO: CÂMARA FEDERAL



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