As empresas familiares e as estratégias para deixar um legado
A existência de empresas familiares não é uma novidade no país. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 90% das empresas brasileiras têm perfil familiar. Além de responder por mais da metade do PIB, esse tipo de empresa também emprega cerca de 75% da mão de obra no País.
O fato é que assim como as demais, as empresas familiares também precisam construir os seus negócios em uma base sólida, pautada na confiança para que a próxima geração possa herdar um ambiente propício para dar seguimento aos negócios. Mas o fato é que os empreendimentos vem passando por mudanças rápidas e importantes nos últimos tempos. Pautadas pelas questões ambientais, sociais e de governança, o chamado ESG, a aplicação desses critérios tem se mostrado um desafio para as empresas, como como os aspectos de diversidade, equidade e inclusão.
As empresas precisam encontrar estratégias para não se perderem no mercado e que as próximas gerações tenham condições de dar seguimento ao negócio. Segundo dados de um estudo da PwC, a confiança tem sido uma vantagem competitiva fundamental para as empresas familiares em 2023, sendo um dos critérios que a diferencia das demais.
O estudo verificou que a confiabilidade das empresas familiares é 12% maior do que a das empresas em geral. O estudo identificou quatro pilares de confiança: competência, motivo, meio e impacto. A forma como os entrevistados responderam às perguntas revelou desconexão entre as visões tradicionais sobre confiança e o efeito delas no modo como as empresas familiares operam hoje, o que demonstra os aspectos e como elas precisarão se transformar para preservar seu legado.
Exemplo
No Ceará, um dos exemplos de empresas familiares de sucesso é o Grupo DCDN, que acabou de completar 40 anos. A empresa foi fundada em 1980, pelos empreendedores José Luiz Miranda e Lucília Miranda, e atua nos setores energético, automotivo, marítimo, agrícola, varejista, industrial e de infraestrutura e construção.
Entre os desafios de empreender, a família precisou lidar com a saudade dos demais familiares, que ficaram em São Paulo, e com um novo e diferente cenário de mercado. Pais de dois filhos, José Luiz Miranda Jr. e Luiz Antônio Trotta Miranda, o empreendedor senhor Miranda e dona Lucília, que atuava como professora, precisaram começar, os quatro, um novo capítulo de suas histórias.
Hoje, a empresa está na segunda geração e tem na direção operacional e administrativa os irmãos, que tocam os negócios seguindo o exemplo dos pais. “Depois desses 40 anos, já somos mais cearenses do que paulistas. Para mim, a empresa evoluiu a partir dessa consideração e respeito ao povo e a cultura cearense”, destaca José Luiz.
No que se refere aos marcos históricos, José Luiz Miranda Jr. aponta a expansão da distribuição da Cummins em Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, além de Ceará e Piauí. “Foi a partir disso que abrimos nossa filial lá em Recife, para atender o litoral leste do Brasil”, pontua.
O contrato de distribuição com as empresas Hyster e Komatsu, nos estados de atuação da DCDN, também tem importante destaque na trajetória da organização, que atua com modelo de gestão voltada para outros negócios. Para o futuro, bem como para dar continuidade ao legado deixado pelos pais, os filhos projetam seguir o planejamento com as estratégias adotadas até o momento, considerando as evoluções, mudanças em procedimentos e tecnologias. O plano é manter-se firme na estratégia de ter cautela com os investimentos, controlar os riscos de forma eficaz e atuar com honestidade e respeito tanto com os clientes quanto com os fornecedores.
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