Bioma sofre com incêndios fora do controle; Fauna cada vez mais ameaçada
Ao menos 86 mil hectares de vegetação foram consumidos pelos focos de calor que, há um mês, atingem o Pantanal, em Mato Grosso.
A situação é crítica e a preocupação só aumenta devido à instalação de uma massa de calor na região, o que pode resultar no cenário registrado há três anos.
Em 2020, os incêndios no Pantanal provocaram a morte de quase 17 milhões de animais, incluindo, mamíferos, répteis e aves, segundo estudo feito por pesquisadores de órgãos públicos, de universidades e de organizações não-governamentais (ongs).
É o que já vem ocorrendo, segundo as equipes de combate e grupos de resgates que relatam uma perda imensurável da fauna, além dos animais que sofrem com a chamada fome cinzenta, já que a vegetação e muitas das presas das quais se alimentam foram destruídas pelo fogo.
Neste fim de semana, o Governo Federal informou que reforçou o combate às chamas na região com a atuação de brigadistas e envio de aeronaves.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), desde o domingo (12), 90 brigadistas e quatro aeronaves passaram a fazer parte do efetivo que estava no local, somando mais 209 servidores federais no combate aos focos de calor.
O anúncio ocorreu em reunião de emergência com representantes do Governo de Mato Grosso.
Após o encontro, o MMA informou que, em 21 de outubro passado, três raios atingiram o Parque Nacional (Parna) do Pantanal, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Dorochê e uma propriedade particular próxima.
Desde então, 47 brigadistas federais se concentram na região. Conforme o Ministério, o fogo alcançou 27 mil hectares no Parna, e 23 mil ha na RPPN. No Parque Estadual Encontro das Águas, onde fica o santuário das onças-pintadas, o combate é realizado pelo Corpo de Bombeiros do Estado. Lá, quase 36 mil hectares de vegetação foram queimados.
"O Pantanal sempre foi uma preocupação porque é uma área com grande quantidade de materiais que podem entrar em combustão. Quando o fogo começa, temos que trabalhar conjuntamente, e nós estamos à inteira disposição para essa parceria com o Estado, inclusive para o aporte de recursos", afirmou a ministra Marina Silva, que participou da reunião de forma virtual.
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Alessandro Borges, apresentou um panorama das ações no Pantanal. “Estamos com cerca de 60 militares espalhados na região, mas temos a preocupação com a logística para manter esses e os novos brigadistas que serão enviados para o local. Precisamos do apoio do governo federal, via Exército, para montar um grande acampamento. É um ponto importante para que possamos ter mais segurança para os nossos combatentes e mais eficiência nas nossas ações”, disse.
A solicitação de apoio logístico do Exército deverá ser discutida com o ministro Alexandre Padilha, de Relações Institucionais.
Também um planejamento para ações integradas deverá ser apresentado ao Ministério do Meio Ambiente até esta terça-feira (14).
FOTO: GABINETE SENADOR WELLIGTON FAGUNDES