Vereadora Maysa Leão realiza audiência pública sobre violência sexual contra mulheres e crianças.
Assessoria
Nesta quarta-feira (20), a Câmara Municipal de Cuiabá sediou uma audiência pública para debater a violência sexual contra mulheres e crianças. O encontro foi um pedido da advogada Adriana Figueiredo Meireles, nascida na Ilha de Marajó e ativista da causa. A vereadora Maysa Leão (Republicanos) presidiu a audiência que teve como objetivo discutir de que forma mulheres e crianças podem ser amparadas pelo poder público em Cuiabá, fortalecendo a rede de enfrentamento e a criação de políticas públicas permanentes.
A vereadora Maysa destacou a urgência do tema, especialmente no Agosto Lilás, mês de conscientização sobre a violência contra a mulher. Ela lembrou que a pauta precisa ser tratada de forma contínua, com a implementação de políticas públicas efetivas.
“Muito antes da repercussão de vídeos e debates que viralizam nas redes sociais, já temos especialistas e profissionais que lidam diariamente com a dor dessas vítimas, como a juíza Vanessa Cavalieri, que há anos denuncia a realidade de crianças violentadas. O mais grave é perceber que essa violência nasce dentro de casa, onde deveria existir proteção e segurança. Em Cuiabá, por exemplo, não há atendimento de psicoterapia para menores de 18 anos vítimas de violência. O encaminhamento dessas crianças para o CAPS é um equívoco, pois essas unidades atendem terapia em grupo para outros fins. A quebra do ciclo da violência só virá com conscientização e implementação de políticas públicas adequadas e concretas. A hora de mudar é agora”, afirmou Maysa Leão.
A advogada Adriana Figueiredo Meireles, que solicitou a audiência, compartilhou sua trajetória marcada pela violência e explicou a motivação para levantar o debate. “Fui vítima de abusos desde os 5 anos de idade, dentro da minha própria família, depois na adolescência e juventude. Transformei toda essa dor em combustível para me tornar advogada e lutar pelas mulheres que ainda não conseguiram ressignificar sua história. Precisamos falar sobre esse assunto, porque a ‘Ilha do Marajó’ existe em todo lugar: em Cuiabá, em Várzea Grande, em todo o Brasil.”
A audiência foi marcada por momentos de grande comoção, como o relato de uma assistida da ONG Lírios, vítima de abusos desde a infância, que emocionou os presentes ao contar como conseguiu superar parte do sofrimento para cuidar da filha.
“Fui abusada aos 5 anos pelo meu tio e depois pela pessoa que acreditava que me daria suporte, meu pai. Mas hoje sou grata pela ajuda psicológica que recebi, que me tornou mais forte para poder cuidar da minha filha”, disse a jovem.
Outras mulheres vítimas de violência, a maior parte na infância, relataram suas histórias. Representantes da sociedade civil também ressaltaram a gravidade da situação. A diretora da ONG Lírios, Muriel Torres, destacou que Mato Grosso está entre os estados com os piores índices de violência contra mulheres e meninas. Atualmente, a instituição atende cerca de 180 vítimas.
Já a coordenadora da entidade, Maria Fernanda Figueiredo, lembrou que mais de 80% das mulheres vítimas de violência doméstica foram abusadas na infância e cobrou efetividade do poder público. “Há sete anos pedimos que a Prefeitura de Cuiabá implemente programas de prevenção nas escolas municipais e até hoje não obtivemos resposta. O município tem uma dívida impagável com as meninas e mulheres.”
A secretária da Mulher de Cuiabá, tenente-coronel Hadassah Suzannah, reforçou que a gestão tem buscado ampliar ações de conscientização e atendimento às vítimas.
“Nosso objetivo é estar presente nos bairros e periferias, oferecendo acolhimento psicológico e social, além de conscientizar sobre os direitos das mulheres. A parceria com o Legislativo é fundamental, e por isso parabenizamos a iniciativa da vereadora Maysa Leão.”
O encontro reuniu ainda representantes do Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT), da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), BPW Cuiabá e Várzea Grande, advogados, psicólogos e membros da sociedade civil organizada, com encaminhamentos importantes que serão levados aos poderes Executivo e Legislativo para a construção de políticas públicas permanentes.