Cuiabá sedia encontro nacional sobre fertilizantes, agrominerais e mineração.
Evento reúne especialistas para debater soluções sustentáveis para o campo e o setor mineral, com foco na redução da dependência externa.
Começa nesta segunda-feira (1º), em Cuiabá (MT), um evento que une dois importantes fóruns estratégicos: o Workshop Agrominerais e a Política de Fertilizantes do Brasil e o XVIII GEO Políticas. A proposta é promover o diálogo entre agricultores, pesquisadores, técnicos e representantes do setor mineral sobre os caminhos para fortalecer a agricultura nacional com foco em sustentabilidade e soberania produtiva.
Nos dois primeiros dias, os debates estarão centrados na questão dos fertilizantes. Mesmo sendo uma potência agrícola, o Brasil ainda depende fortemente das importações para suprir sua demanda: em 2023, foram cerca de 39 milhões de toneladas importadas — o que corresponde a 86% do consumo nacional. A produção interna, por sua vez, cobre apenas uma fração, pouco mais de 6 milhões de toneladas.
Esse desequilíbrio tem impacto direto nos custos de produção. Estima-se que os fertilizantes representem até um terço dos gastos com culturas como soja e milho. Além disso, a dependência externa torna o país vulnerável a instabilidades no cenário internacional, como ficou evidente durante a guerra no Leste Europeu, que afetou o fornecimento global de insumos.
Agrominerais como alternativa estratégica.
Diante desse cenário, os agrominerais, também conhecidos como “pó de rocha”, surgem como uma alternativa promissora. Ricos em nutrientes, eles contribuem para o aumento da fertilidade do solo, reduzem a necessidade de fertilizantes químicos importados e ainda colaboram para a recuperação ambiental.
Pesquisas já indicam ganhos na produtividade e na resiliência das lavouras com o uso de agrominerais, especialmente em solos tropicais. O workshop discute formas de expandir seu uso no país e quais políticas públicas podem incentivar a produção e adoção desses insumos nacionais.
Mineração e sustentabilidade em pauta
No terceiro dia do evento, o foco se volta para a mineração dentro do contexto dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. O GEO Políticas trará à tona o papel estratégico da mineração tanto para o setor agrícola quanto para a transição energética — com destaque para minerais utilizados em baterias, painéis solares e turbinas eólicas.
As mesas-redondas abordarão temas como inovação tecnológica, responsabilidade socioambiental, atuação das cooperativas e práticas ESG no setor mineral. A intenção é mostrar como a mineração pode ser aliada da sustentabilidade e preparar o Brasil para discussões globais, especialmente com a realização da COP30, marcada para 2025 no país.
Ciência, educação e tecnologia no campo
Com uma programação que inclui palestras, minicursos, mesas de debate e até atividades educativas em escolas, o evento busca unir ciência, tecnologia e prática no campo. O objetivo central é claro: reduzir a dependência externa de fertilizantes, promover soluções sustentáveis e fortalecer o protagonismo do Brasil na agricultura e mineração responsáveis.
