Prefeito de Cuiabá é criticado por crise fiscal, recusa de verbas federais e ameaça ao Restaurante Popular.
Gestão Abilio Brunini vira alvo de críticas após ameaça de fechar Restaurante Popular e insistência em rejeitar recursos do governo Lula
Na mesma semana em que a possível desativação do Restaurante Popular de Cuiabá gerou indignação, o prefeito Abilio Brunini (PL) voltou ao centro de críticas de analistas políticos nacionais. O motivo? A decisão de anunciar um segundo decreto de calamidade financeira enquanto continua recusando verbas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mesmo diante do agravamento da crise fiscal na capital mato-grossense.
A ameaça de fechamento do Restaurante Popular é apenas a face mais visível de uma crise que se estende por diversas pastas da administração municipal. Na Saúde, por exemplo, o prefeito enfrenta forte resistência de profissionais da enfermagem por se negar a pagar o adicional de insalubridade.
Para o cientista político João Cezar Castro Rocha, o prefeito mantém a mesma postura que tinha como deputado federal, marcada por polêmicas e ações midiáticas. "Enquanto deputado, ele fazia terrorismo legislativo em busca de manchetes e likes. Agora, como prefeito, usa a crise financeira para desmontar políticas sociais — uma agenda típica da extrema-direita neoliberal", afirmou. “É o prefeito das big techs, um lacrador incontinente”, completou.
“Falência” como estratégia ideológica
Na visão do ex-deputado federal Fábio Trad (PSD-MS), a gestão de Brunini é conduzida por motivações ideológicas. Segundo ele, a recusa em dialogar com o governo federal é um desserviço à população. “Abilio ideologizou a administração pública. Radicaliza em pautas de costumes, bloqueia o diálogo e nega a própria política. Cuiabá está em colapso e precisa da ajuda federal”, afirmou Trad.
A advogada trabalhista e podcaster Camily Ribeiro compartilha da mesma análise. Para ela, os decretos de calamidade servem como instrumento político contra o ex-prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), cuja gestão teve as contas aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT) e foi reconhecida com selo ouro em transparência.
“Abilio usa o discurso de falência para flexibilizar licitações, abrir créditos extraordinários e terceirizar setores essenciais. Se houve quebra, foi entre a planilha e o discurso. A população está pagando a conta”, afirmou.
Volta atrás sob pressão
Mesmo após prometer que “não sentaria com a esquerda”, o prefeito foi flagrado em Brasília pedindo recursos ao Ministério da Saúde — uma movimentação que contradiz seu discurso anterior. O vídeo do encontro viralizou nas redes, com mais de 273 mil visualizações e 33,9 mil curtidas.
O jornalista Rodrigo Vianna, do ICL Notícias, ironizou a situação: “Em apenas 10 meses, o bolsorista conseguiu mergulhar a cidade numa crise profunda e, no fim, teve que recorrer ao presidente Lula”.