Quase 4,4 mil pessoas relatam abusos cometidos por padres na Itália, aponta associação
Levantamento identifica mais de mil religiosos acusados desde 2020; maioria das vítimas são meninos menores de idade.
Roma (Itália), 25 de outubro de 2025 — Quase 4.400 pessoas afirmam ter sido vítimas de abuso sexual cometido por padres na Itália em casos relatados desde 2020, segundo levantamento divulgado nesta sexta-feira (25) pela associação Rete l’Abuso, principal grupo de apoio a vítimas de violência religiosa no país.
De acordo com o relatório, foram identificados 1.250 casos suspeitos, envolvendo 1.106 padres acusados. O documento também menciona episódios com freiras, professores de religião, voluntários e educadores ligados à Igreja Católica. No total, o grupo contabilizou 4.625 vítimas, sendo 4.395 abusadas por sacerdotes.
A apuração da Rete l’Abuso foi feita com base em relatos de sobreviventes, processos judiciais e investigações jornalísticas, informou o fundador da entidade, Francesco Zanardi. O estudo não detalha o período exato em que os abusos ocorreram.
Os números são considerados alarmantes: 4.451 das vítimas eram menores de 18 anos, e mais de 4 mil eram meninos. Entre os casos também estão registrados cinco freiras, 156 adultos vulneráveis e 11 pessoas com deficiência.
Apesar da gravidade dos dados, apenas 76 padres foram julgados até o momento. Destes, 17 foram suspensos temporariamente, sete transferidos para outras paróquias e 18 afastados definitivamente do sacerdócio. Segundo a associação, cinco dos acusados cometeram suicídio após as denúncias.
Durante um encontro recente com sobreviventes, o Papa Leão XIV pediu aos bispos que “não ocultem alegações de má conduta”. Seu antecessor, o Papa Francisco, havia colocado o combate aos abusos sexuais como uma das prioridades de seu pontificado, iniciado há 12 anos, mas especialistas avaliam que os avanços ainda são insuficientes e desiguais.
Em um relatório paralelo, uma comissão do Vaticano alertou nesta semana que vítimas seguem enfrentando retaliações e silenciamento dentro da Igreja ao denunciar os abusos. O documento, de 103 páginas, foi entregue ao Papa em setembro e contou, pela primeira vez, com a participação direta de 40 sobreviventes na elaboração.




