Entidades se articulam para apoiar safra coletiva de castanha

Depois de uma queda de 70% na produção da última safra de castanha-do-Brasil em toda a região Amazônica, entidades de Mato Grosso se organizaram para apoiar associações e cooperativas nas etapas de coleta, armazenamento, seleção e beneficiamento das amêndoas. Uma dessas iniciativas é o projeto Poço de Carbono Juruena, que está sendo retomado pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena – Aderjur, com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e do Governo Federal.

 

O projeto irá apoiar tanto a produção de castanha do extrativismo na floresta, em vários municípios do Noroeste de MT, quanto o plantio de novas mudas de espécies nativas em áreas de assentamento e de pequenas propriedades do município de Juruena.

 

Outra proposta, que já está acontecendo é o Fundo Rotativo Solidário Sentinelas da Floresta, desenvolvido pela Aderjur, com apoio da Climate and Land Use Alliance - Clua. Por meio desta iniciativa são efetuados empréstimos subsidiados para a Coopavam – Cooperativa dos Agricultores do Vale do Amanhecer e para a Amca – Associação de Mulheres Cantinho da Amazônia, que atualmente pagam um bônus, maior que o preço de mercado da castanha, para os seus parceiros extrativistas da rede Sentinelas da Floresta, com pagamento à vista e sem a participação de intermediários, diretamente aos extrativistas.

 

Essas medidas para o fortalecimento do extrativismo na região estão acontecendo devido a queda drástica de produção na última safra 2016/2017. Para se ter uma ideia, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) divulgou, no ano passado, que a queda da produção de castanha na safra anterior foi drástica e atingiu toda a Amazônia.

 

Esta queda na produção impactou toda a cadeia de produção. Sem produto na praça, o preço explodiu nos mercados, as indústrias de beneficiamento ficaram sem matéria-prima para produzir e na ponta, os extrativistas, ficaram sem uma importante fonte de renda.

 

Para piorar, segundo reportagem divulgada naquele mesmo período pelo Financial Times, a queda da produção atingiu também outros países produtores, como a Bolívia e o Peru. A reportagem aponta que a falta de chuvas na América do Sul, devido ao evento climático El Niño, prejudicou o desenvolvimento dos frutos.

 

Já para pesquisadores da Embrapa, o desmatamento na Amazônia tem impacto direto nas causas, tendo em vista que a castanheira produz mais em florestas conservadas, que possuem abundância de polinizadores e condições microclimáticas ideais. Isso sem falar que mais desmatamento pode significar menos chuvas e aumento da ocorrência de queimadas, o que causa impacto a qualquer tipo de atividade extrativista vegetal e agropecuária.

 

De acordo com o coordenador do projeto Poço de Carbono Juruena, Paulo Nunes, existem alternativas. Uma delas são os créditos rotativos para impulsionar a atividade. Esse é um tipo de experiência que já acontece em vários países e tem se espalhado no Brasil tanto em áreas urbanas quanto na zona rural.

 

Diante das dificuldades encontradas pela Coopavam e Amca na safra passada, com a falta de castanha na floresta, foi iniciado, pela Aderjur, o giro do capital do Fundo Rotativo Solidário Sentinelas da Floresta, repassando um valor de R$ 400 mil para a Coopavam e Amca adquirirem castanha diretamente dos extrativistas.

 

Este valor está sendo usado para a aquisição e beneficiamento da castanha e depois será devolvido ao Fundo, corrigido, para o refinanciamento das atividades. Também foi realizada uma articulação com organizações de extrativistas do Pará e de Rondônia para ampliar a rede de parcerias no fornecimento de castanha para Juruena, incluindo estas regiões, que também são grandes produtoras da amêndoa. Desta maneira a região de atuação desta iniciativa foi significativamente ampliada, desde o noroeste de MT para os estados vizinhos, com um grupo maior de extrativistas sendo beneficiados e com apoio na valorização e conservação de uma área muito maior de floresta amazônica.

 

A outra proposta do Projeto Poço de Carbono Juruena é incentivar a diversificação de cultivos na recuperação de áreas por meio de sistemas agroflorestais. Dessa forma, os agricultores têm diversas opções de culturas e uma renda garantida e melhor distribuída ao longo do ano. Além do benefício econômico, os sistemas agroflorestais “imitam” o comportamento da floresta, armazenando carbono e ajudando a mitigar os efeitos das mudanças climáticas.


 



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