Uma estratégia à mão
O jogo político não se resume as eleições a cada dois anos. Este jogo é bem mais do que isto, passa por apresentações e discussões de reivindicações da população, estendendo-se a busca de cargos no Executivo e também no Legislativo, com os políticos procurando acomodar seus apadrinhados e cabos eleitorais.
Acomodação que acirra a briga entre governistas e situacionistas nos parlamentos, sempre pautada por interesses particulares e individuais.
Briga que se inicia e se prolonga com a disputa pela cadeira de presidente de cada uma das Casas Legislativas, e se alterna em ser mais acirrada e menos acirrada, ou até em acirramento algum, a exemplo do que se viu neste ano na eleição do chefe da Câmara Cuiabana, com chapa única. Diferentemente, portanto, do que ocorre em Brasília, mais especificamente na Câmara dos Deputados.
A briga pela presidência da Câmara Federal é norteada não apenas pelos interesses particulares e individuais dos supostos concorrentes.
Mas, também o é pela vontade do presidente Michel Temer. Este se encontra de olho, e muito bem aberto e focado em suas forças no Congresso Nacional, e quer manter forte a base governista.
Tarefa que se esbarra no chamado Centrão. Este bloco, formado por doze partidos políticos, não tem como impedir que o atual presidente, deputado Rodrigo Maia, seja reeleito.
Reeleito, inclusive, com o apoio das cúpulas nacionais de três dos maiores partidos que compõem o dito Centrão. São eles: PP, PR e PSD. Isto, sem falar, de que parte dos integrantes do PTB - sigla-componente do Centrão - igualmente torce pela manutenção da presidência da Casa nas mãos de Rodrigo Maia. Ainda que o deputado Jovair Arantes (PTB/GO) também trabalhe para viabilizar sua candidatura.
Por outro lado, é preciso observar e analisar a insistência e a perseverança do deputado Rogério Rosso (PSD/DF) em se manter na disputa, mesmo sabendo que suas reais chances sejam pequenas. Pois não conta, sequer, com a maioria de sua agremiação partidária.
Embora, na opinião desta coluna, ele seria o mais preparado, entre os três candidatos ventilados, para presidir a Câmara Federal. Isto pelo seu bom desempenho na condução do governo de Brasília, e, mais recentemente, ainda à frente da comissão especial do impeachment do mandato da presidente Dilma Rousseff.
O PSD tem preferência pelo candidato do Palácio do Planalto. Candidatura questionada pelo deputado Rogério Rosso, que entende ser inconstitucional a candidatura do deputado Rodrigo Maia. Tese não compartilhada por muitos dos deputados federais.
A pergunta que se faz, agora, é a seguinte: Por que o deputado Rosso se encontra tão empenhado na disputa pela presidência da Casa? A resposta a esta questão não é difícil de ser encontrada. E ela, (e) leitor, se encontra fora do Parlamento, mas na mesma Brasília.
O deputado Rogério Rosso procura fazer da campanha vitrine, e, então, obter visibilidade, com o fim de se tornar forte candidato ao governo do Distrito Federal em 2018. Daí o seu empenho, sua dedicação, mesmo contrariando a cúpula nacional de seu partido. Outros, em épocas diferentes, e em Casa distinta, já se valeram desta estratégia. É isto.
Lourembergue Alves é professor universitário