Tecnologia que reduz tempo e desperdício em obra desponta em Mato Grosso
Uma das piores dores de cabeça de quem constrói é perceber, durante a execução da obra, a necessidade de mudar uma tubulação, instalação elétrica ou ver que aquela parede não vai poder ficar ali. Além de gerar atrasos no cronograma, irá aumentar o valor final.
Alternativas para evitar essas surpresas já existem há mais de uma década, mas começou a ganhar força no Brasil nos últimos anos. O sistema BIM, por exemplo, sigla para Building Information Modeling, ou Modelagem da Informação da Construção, em português, é uma integração de processos que permite prever e analisar todas as partes da obra. O resultado é uma construção mais rápida e dentro do orçamento previsto.
“O BIM é muito mais que modelar em 3D, é uma transformação digital na engenharia, é uma nova forma de se pensar”, garante o engenheiro e professor da UFMT, Alberto Dalmaso. Ainda é relativamente novo em Cuiabá, mas o sistema BIM pode reduzir em até 5% o custo final da obra, além de eliminar imprevistos.
Na prática, o sistema realiza cálculos técnicos, medições e orçamentos na fase do planejamento. Durante a execução, informa os custos e as certificações necessárias. Mesmo após a entrega do empreendimento, o BIM é útil para a manutenção predial, pois contém as especificações técnicas e marcas dos itens usados durante a construção.
“É importante para o cliente final saber que vai poder fazer um furo na parede com a certeza de que não irá acertar nenhum cano”, complementa Dalmaso. Ele avalia que ainda há poucos empreendimentos adotando essa metodologia porque ainda é necessário investimento em tecnologia e pessoal, mas este cenário deve mudar nos próximos anos.
Para construir o Moov, um condomínio de apartamentos inteligentes, o Grupo Vivart optou por fazer dele o primeiro projeto executado 100% em BIM em Mato Grosso. "Para a construtora, é um ganho de eficiência, pois depois do projeto modelado consigo extrair todos os dados, e os problemas foram resolvidos durante o processo, não tem nada para resolver na obra", explica o engenheiro civil e sócio da Vivart. Felipe Carlesso de Oliveira.
“Eu consigo simular toda a obra, incluindo orçamento, planejamento e fluxo de caixa. Se há alguma alteração, não é preciso refazer os cálculos, tudo é atualizado em tempo real”, completa.
Meta do governo é chegar a 50%
Para ampliar o uso no Brasil, o decreto federal 9.983/19 instituiu a Estratégia Nacional de Disseminação do BIM — Estratégia BIM BR. A meta é que até 2024 metade do PIB da construção civil seja por meio da Modelagem da Informação da Construção.
Nas obras públicas, a expectativa é garantir economia aos cofres públicos, dar mais transparência nos processos licitatórios e reduzir a necessidade de contratos aditivos. Para o setor como um todo, a proposta é assegurar maior produtividade, reduzir prazos de construção e trazer mais sustentabilidade com a redução de resíduos.
Em Mato Grosso, a empresa Nexus Engenharia Integrada, ganhou a licitação para construções civis em Porto dos Gaúchos, que será feita em BIM. O sócio da empresa Taumaturgo Niederle, afirma que essa é a nova realidade do setor. “É um modelo de metadados em que você pode extrair informações em tempo real, confirmando o planejamento com a execução no canteiro de obras. Isso já acontece nos Estados Unidos, no Japão, em muitos países da Europa e está se desenvolvendo aqui”, conclui.
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