Endividamento recorde acende alerta e pressiona governo: 79,5% das famílias estão com dívidas, diz CNC

Os brasileiros estão mais endividados do que nunca. Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgados pela CNN Brasil, a proporção de famílias com dívidas subiu para 79,5% em outubro, o maior patamar desde o início da série histórica, em 2010. Os dados fazem parte da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

A fatia de famílias inadimplentes, com contas em atraso, permaneceu em 30,5%, o nível mais alto já registrado. Além disso, 13,2% das famílias brasileiras afirmaram que não terão condições de pagar suas dívidas em atraso, indicando que continuarão inadimplentes.

“O avanço no endividamento, na inadimplência e na percepção de insuficiência financeira simultaneamente e pelo terceiro mês seguido é um alerta para a necessidade de ajustes, principalmente na área fiscal, para que os resultados de 2025 não se repitam ou se agravem ainda mais em 2026”, afirmou José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, em nota.

A pesquisa mostra ainda que 49% das famílias com contas atrasadas estão nessa situação há mais de 90 dias, o maior índice desde dezembro de 2024. O número de famílias com dívidas superiores a um ano também cresceu pelo segundo mês consecutivo, alcançando 32%. Já a parcela de consumidores que têm mais da metade da renda comprometida com dívidas subiu para 19,1%.

“Nem mesmo o bom momento do mercado de trabalho tem sido suficiente para conter o avanço na inadimplência, tamanho o patamar atual dos juros. Nesse cenário, o comércio já sente desaceleração das vendas, uma vez que as famílias se veem obrigadas a promover ajustes no orçamento para se adaptar a essa realidade”, destacou o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes.

A CNC projeta que o endividamento aumente em 3,3 pontos percentuais até o fim deste ano em relação a 2024, enquanto a inadimplência deve subir 1,5 ponto. A pesquisa considera como dívidas as contas a vencer nas modalidades cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.

Pressão sobre o governo

Os números reforçam a gravidade do quadro financeiro das famílias brasileiras e levantam questionamentos sobre a política econômica atual. Apesar da manutenção do emprego e de programas de renegociação de dívidas, o alto custo do crédito e a lentidão nas medidas de estímulo ao consumo preocupam economistas e o próprio setor produtivo.

O governo tem sido cobrado a apresentar soluções que reduzam o impacto dos juros altos e ampliem o acesso ao crédito responsável. Especialistas apontam que, sem mudanças estruturais na política fiscal e sem estratégias para aliviar o orçamento familiar, o país pode encerrar 2025 com um cenário de endividamento ainda mais crítico. 



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