Fuga industrial: Altos impostos expulsam Lupo e outras empresas brasileiras para o Paraguai

O alerta vermelho acendeu no setor industrial brasileiro. A Lupo, gigante nacional do mercado têxtil e símbolo de tradição há mais de um século, confirma um movimento que já preocupa economistas e empresários: a migração de fábricas brasileiras para o Paraguai. A empresa anunciou a construção de sua primeira unidade fora do país, em Ciudad del Este, e o motivo é direto — a carga tributária sufocante e a perda de competitividade no Brasil.

Com um investimento de R$ 30 milhões e previsão de iniciar as operações em 2025, a nova fábrica terá capacidade para produzir 20 milhões de pares de meias por ano, gerando cerca de 110 empregos no país vizinho, não no Brasil. O impacto é claro: enquanto o Paraguai atrai indústrias com impostos reduzidos, energia barata e regras trabalhistas mais flexíveis, o Brasil segue perdendo empresas estratégicas para sua economia.

A CEO da Lupo, Liliana Aufiero, foi categórica: “Os impostos prejudicaram a competitividade da fabricante.” A fala expõe uma realidade que afeta não apenas o setor têxtil, mas toda a indústria nacional — o país tornou-se hostil para quem produz.

Além dos tributos, pesa na decisão a presença de concorrentes diretos operando em solo paraguaio, como uma grande fabricante chinesa instalada na região. Competir com produtos que chegam ao Brasil com custos drasticamente menores se tornou uma batalha desigual.

A escolha por Ciudad del Este fortalece um fenômeno crescente: o Paraguai está se tornando o novo polo industrial da América do Sul. Incentivos como o regime Maquila — que tributa em apenas 1% o valor agregado — transformaram o país em um imã para empresas brasileiras de diversos setores: têxtil, eletroeletrônico, autopeças, calçadista e até alimentício.

Enquanto isso, no Brasil, as fábricas seguem fechando ou encolhendo.
A Lupo, que segue líder nacional em meias, cuecas, meia-calça e que recentemente entrou no mercado de calçados esportivos com o tênis Origem e a distribuição dos modelos da americana Saucony, não está reduzindo suas operações aqui — mas a mensagem da nova fábrica é clara: para crescer, teve que sair.

Um aviso que não pode ser ignorado

A fuga da Lupo para o Paraguai não é um caso isolado — é um sintoma.
Outras empresas brasileiras já fizeram o mesmo movimento: buscando custos menores, legislações mais amigáveis e competitividade real em um mercado global cada vez mais agressivo.

Se nada mudar, o Brasil corre o risco de ver sua base industrial encolher ainda mais, perdendo empregos, tecnologia e capacidade produtiva — enquanto países vizinhos avançam em velocidade acelerada.

A pergunta que fica é:
até quando o Brasil vai assistir suas indústrias atravessarem a fronteira? 



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