EUA se afastam das grandes pautas globais: Lula chega ao G20 na África do Sul sem a presença de Donald Trump
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou nesta sexta-feira (21) em Joanesburgo, capital da África do Sul, para participar da Cúpula do G20 — grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e da União Africana. O encontro, que ocorre ao longo do fim de semana, discutirá medidas para enfrentamento das mudanças climáticas, desigualdades globais e segurança alimentar.
No entanto, a reunião será marcada por uma ausência de peso: os Estados Unidos. O presidente Donald Trump já havia anunciado que não enviará qualquer representante do governo norte-americano ao encontro, abrindo mais um capítulo de distanciamento dos EUA das instâncias multilaterais.
Retirada de tarifas, mas sem diálogo político
A decisão de Trump ocorre um dia após o republicano assinar uma ordem executiva retirando tarifas de 40% sobre a importação de determinados produtos agrícolas brasileiros. A medida tem efeito retroativo ao dia 13 de novembro e foi interpretada como um gesto comercial pontual, sem relação direta com o diálogo diplomático — justamente porque, mesmo após a decisão econômica, o governo americano optou por não participar do principal fórum global de coordenação econômica.
Fontes do Itamaraty avaliam que a exclusão dos EUA do debate internacional afeta o equilíbrio das negociações e amplia a sensação de imprevisibilidade política em Washington.
Distanciamento que se repete: COP30 também não teve delegação americana
A ausência dos Estados Unidos no G20 reforça um padrão. Na COP30, realizada recentemente em Belém, o governo Trump também optou por não enviar representantes oficiais, deixando o país de fora das discussões climáticas consideradas mais relevantes da última década.
Para analistas, o movimento indica um reposicionamento dos EUA, que vêm diminuindo seu envolvimento em pactos ambientais e fóruns multilaterais — justamente em um momento em que temas globais, como clima, energia e segurança alimentar, exigem cooperação ampla.
O impacto para o Brasil
A postura americana é observada com atenção pelo governo brasileiro, que busca fortalecer sua posição internacional durante a presidência do G20. Sem o envolvimento dos EUA, Lula deve intensificar alianças com União Europeia, China, Índia e países africanos para avançar agendas de interesse mútuo.
Apesar da ausência americana, o Brasil vê oportunidade para consolidar sua liderança diplomática em temas como sustentabilidade, transição energética e combate à fome — áreas em que o país tem buscado protagonismo.






