BRASIL & GUERRA NA UCRÂNIA: Do "Chope da Paz" ao Protagonismo ofuscado por Trump
A diplomacia global em torno da guerra na Ucrânia ganha contornos de um roteiro político com reviravoltas notáveis. Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca um papel de mediador, suas iniciativas enfrentam desafios e seu protagonismo é ofuscado pelas recentes e decisivas movimentações do presidente dos EUA, Donald Trump, que parece estar muito próximo de um acordo.
A "Cervejinha" e a Busca pela Mediação
A sugestão de que a guerra poderia ser resolvida com uma "cervejinha" em uma mesa de bar, feita por Lula em 2022, tornou-se um símbolo das críticas à sua abordagem inicial do conflito. A fala, vista como desrespeitosa pela Ucrânia, marcou o início da posição brasileira que busca um grupo de países neutros para mediar a paz.
Desde que assumiu a presidência, Lula tem defendido consistentemente a tese de que não existe solução militar para a guerra e que o diálogo é o único caminho. Ele propôs a criação de um "clube da paz" e, mais recentemente, expressou otimismo de que poderia usar sua "química" com Donald Trump para influenciar Putin. No entanto, na prática, a posição do Brasil, que ora equilibra críticas a ambos os lados, ora se alinha a pautas do Sul Global, resultou em um papel de menor relevância nas negociações diretas.
O Eixo Trump-Putin e o Protagonismo Americano
Em um contraste acentuado, Donald Trump emergiu como a figura central nas esperanças de um cessar-fogo iminente. Nos últimos dias, o governo Trump intensificou os esforços diplomáticos, enviando representantes a Moscou para finalizar um plano de paz de 28 pontos.
Trump declarou publicamente que um acordo é "muito possível" e que "estamos muito perto de um acordo para a Ucrânia". Essas movimentações, que pegaram aliados europeus e a própria Ucrânia de surpresa, demonstram uma capacidade de ação e, mais importante, de influência direta sobre as partes em conflito que o Brasil, no momento, não possui.
A Ucrânia, inclusive, já se reuniu com representantes dos EUA e conseguiu promover alterações no plano inicial, mostrando que o diálogo, embora complexo, está em curso sob a égide americana.
Desdobramentos e Perspectivas
O cenário atual sugere que a iniciativa de paz está firmemente nas mãos de Washington. O "não protagonismo" de Lula reflete as dificuldades de um país não-membro da OTAN ou diretamente envolvido no conflito em exercer pressão decisiva.
Se Trump for bem-sucedido em sua mediação, isso não apenas realinhará a geopolítica global, como também reforçará seu capital político interno e internacional, consolidando a percepção de que a força e a influência dos EUA permanecem inigualáveis na resolução de crises de segurança global. Para Lula, restará o papel de observador de um processo que ele almejou liderar, mas que encontrou um protagonista mais direto na figura do presidente americano.






