Pequenos empresários na mira: fechamento de mercado escancara crise fiscal e tensão política em Várzea Grande

O fechamento de um pequeno mercado em Várzea Grande nos últimos dias acendeu um sinal de alerta sobre o momento crítico vivido pelo município. Segundo relatos apurados, o estabelecimento encerrou as atividades após sofrer uma cobrança fiscal considerada infundada pela proprietária, que, sem condições de honrar os compromissos trabalhistas em dinheiro, optou por quitar parte das rescisões com mercadorias antes de baixar definitivamente as portas.
O caso expõe uma realidade cada vez mais frequente: pequenos empreendedores sob forte pressão fiscal, em meio a uma conjuntura econômica considerada a mais delicada dos últimos anos no município.
Déficit milionário e possível decreto de emergência financeira
A própria prefeita Flávia Moretti anunciou, em novembro de 2025, que o município enfrenta um déficit estimado em cerca de R$ 120 milhões, o que pode levar Várzea Grande a decretar emergência financeira — situação inédita entre os 142 municípios do Estado de Mato Grosso.
De acordo com a administração municipal, a crise é resultado de:
• Dívidas herdadas da gestão anterior
• Gastos imprevistos ao longo do exercício
• Queda significativa na arrecadação
Nos bastidores, no entanto, empresários relatam que o poder público tem intensificado a fiscalização e as cobranças como forma imediata de reforçar o caixa, o que, na prática, estaria empurrando micro e pequenos negócios para a informalidade, encerramento de atividades ou até migração para outros municípios da região metropolitana de Cuiabá.
Ambiente político agrava instabilidade econômica
O cenário econômico é agravado por um ambiente político de instabilidade. A prefeita mantém desgastes públicos com o vice-prefeito, além de atritos com membros do próprio secretariado e até com o presidente da Câmara Municipal, segundo fontes políticas locais.
Esses conflitos internos têm atrasado decisões administrativas, travado projetos e gerado insegurança jurídica e institucional, fator que afasta novos investimentos e amplia o clima de incerteza.
“Empresários estão com medo. O recado que fica é que quem já está aqui pode quebrar, e quem pensa em investir prefere atravessar a ponte e abrir em Cuiabá”, afirmou um comerciante sob condição de anonimato.
Pequenos pagando a conta
Enquanto grandes devedores seguem renegociando passivos, os pequenos empreendedores relatam fiscalização rigorosa, autos de infração imediatos e pouca margem para negociação. O fechamento do mercado, que sustentava várias famílias, tornou-se símbolo de uma crise que começa a atingir diretamente o emprego e a renda no município.
Economistas ouvidos pela reportagem avaliam que, se o ajuste fiscal ocorrer de forma desproporcional sobre os pequenos negócios, o efeito pode ser devastador:
• Aumento do desemprego
• Queda ainda maior na arrecadação
• Esvaziamento comercial de bairros inteiros
“O que está ruim pode ficar insustentável”
Com déficit elevado, instabilidade política e pressão sobre o setor produtivo, cresce o temor de que Várzea Grande entre em uma espiral de colapso fiscal e econômico.
“Hoje já está ruim. Se continuar assim, vai ficar insustentável”, resume um representante do comércio local.
A reportagem deixa espaço aberto para manifestação da Prefeitura de Várzea Grande, da Secretaria de Fazenda e dos demais órgãos citados. 



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