A Desaceleração Chinesa: Um "Novo Normal" Econômico?
A era de crescimento vertiginoso da China, que por décadas registrou médias anuais de quase 10%, chegou ao fim. O gigante asiático enfrenta agora uma desaceleração estrutural, um ritmo de expansão mais moderado que levanta a questão central: essa é a nova realidade econômica do país, o seu "novo normal"?
Analistas e até o próprio presidente chinês, Xi Jinping, já se referiram a essa mudança como um "novo normal" (em inglês, new normal), indicando uma transição de um modelo focado em escala e investimento massivo para um que prioriza a qualidade, a inovação e o consumo interno.
Os Sinais da Mudança
Os dados recentes confirmam a tendência de moderação. Enquanto o país atingiu sua meta de crescimento de 5% em 2024, as projeções para os próximos anos indicam taxas decrescentes, ficando em torno de 4% a 4,4%.
Essa transição é impulsionada por diversos fatores interligados:
Crise Imobiliária: O colapso de grandes incorporadoras e o excesso de capacidade no setor imobiliário pesam significativamente sobre o investimento e a confiança do consumidor.
Endividamento: Altos níveis de dívida pública e corporativa limitam a capacidade de estímulos ousados por parte do governo.
Envelhecimento Populacional: A redução da força de trabalho e as mudanças demográficas desafiam o modelo anterior de crescimento baseado em mão de obra abundante e de baixo custo.
Reequilíbrio e Inovação: O governo chinês busca um crescimento mais equilibrado e impulsionado pela inovação tecnológica, o que implica, naturalmente, em taxas de crescimento mais baixas do que as decolagens industriais do passado.
Perguntas para Reflexão: Esse é o Novo Normal?
Diante desse cenário complexo, várias perguntas emergem sobre a natureza e as consequências dessa desaceleração:
A moderação é temporária ou permanente? Trata-se de um ajuste de ciclo ou de uma mudança estrutural e permanente no potencial de crescimento da China?
O modelo de inovação será suficiente? A aposta em tecnologia de ponta e consumo interno conseguirá compensar a perda de dinamismo dos setores tradicionais, como o imobiliário e a manufatura de base?
Quais os impactos globais? Como um crescimento chinês mais lento afetará as economias que dependem da demanda por commodities (como o Brasil) e as cadeias de suprimentos globais?
O governo tem controle total? As autoridades chinesas conseguirão gerenciar os riscos financeiros e sociais, como o alto desemprego juvenil, sem recorrer aos pacotes de estímulo massivos do passado?
A qualidade superará a quantidade? A ênfase em um crescimento de "alta qualidade e eficiência" resultará em um desenvolvimento mais sustentável social e ambientalmente, como argumentado por alguns analistas, ou apenas em taxas menores de expansão?
A resposta a essas perguntas determinará se o mundo está apenas assistindo a uma fase de transição ou se a era de uma China em crescimento exponencial realmente ficou para trás, inaugurando um "novo normal" de um gigante mais maduro e contido.






