Sem surpresas: PGR arquiva investigação de R$ 129 milhões contra Moraes e esposa

Para a "surpresa de ninguém" nos bastidores de Brasília, o procurador-geral Paulo Gonet encerrou o caso alegando falta de indícios; oposição critica o que chama de "blindagem institucional".

BRASÍLIA – Em uma decisão que já era amplamente antecipada por analistas políticos e juristas da capital federal, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, determinou nesta segunda-feira (29 de dezembro de 2025) o arquivamento definitivo do pedido de investigação contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e sua esposa, Viviane Barci de Moraes.
O caso girava em torno de um contrato de consultoria jurídica no valor de R$ 129 milhões firmado entre o escritório de Viviane e o Banco Master. A suspeita levantada por congressistas de oposição era de que o valor — considerado fora dos padrões de mercado para consultorias do gênero — seria uma contrapartida por uma suposta influência do ministro junto ao Banco Central em processos de interesse da instituição financeira.

O veredito de Gonet
Ao assinar o despacho, Paulo Gonet foi enfático ao afirmar que a denúncia se baseava em "ilações desprovidas de suporte probatório". Segundo o PGR, não foi encontrada nenhuma prova de que o ministro tenha intercedido pessoalmente em favor do Banco Master.
Sobre o valor milionário do contrato, o entendimento da PGR foi de que se trata de uma relação estritamente privada entre um escritório de advocacia e um cliente, não cabendo ao Estado interferir nos honorários pactuados, desde que não haja prova de crime de corrupção ou tráfico de influência.
Reações e o "teatro do óbvio"
A decisão foi recebida com um misto de resignação e ironia na ala conservadora do Congresso. O termo "surpresa de ninguém" dominou as redes sociais de parlamentares da oposição, que acusam um sistema de "autopreservação" entre o topo da PGR e o STF.
"O Brasil vive hoje um estado de normalização do absurdo. Um contrato de R$ 129 milhões com a esposa de um ministro é tratado como rotina administrativa", criticou um líder da oposição na Câmara.
Por outro lado, governistas e aliados do Judiciário celebraram a decisão, afirmando que o pedido de investigação era apenas mais uma tentativa de "emparedar" e "criminalizar" o ministro que liderou os inquéritos contra atos antidemocráticos.

O histórico
Alexandre de Moraes sempre negou as acusações, classificando-as como tentativas de retaliação política. O ministro reiterou que suas agendas com o Banco Central foram estritamente institucionais. Com o arquivamento, o caso sai da esfera jurídica, mas deve permanecer como munição política para os embates entre os Poderes previstos para 2026.