Uma tragédia para o Brasil

Está sobrando dinheiro no Brasil, essa é a certeza que temos ao vermos o perdão de dívidas bilionárias concedido pelo congresso nacional e pela presidência da república. Esse pensamento de orçamento farto, também fica claro quando vemos R$ 1,716 bilhão destinado para um fundo eleitoral, o tal Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), que vai custear as eleições de 2018.
Mas essa não é a realidade da ciência e tecnologia Brasileira. Após ter o orçamento contingenciado no ano de 2017, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), tem agora naLei Orçamentária de 2018 (LOA 2018) – sancionada no início de janeiro pelo presidente Michel Temer –um orçamento geral previsto de R$12,7 bilhões, 19% a menos que o valor sancionado na LOA 2017. É isso mesmo, o que já era pouco ficou ainda menor.
Mas onde é usado o dinheiro da ciência e tecnologia? Os programas de mestrado e doutorado, os grupos de pesquisa nas universidades, os institutos de pesquisa, todos necessitam de recursos para desenvolver suas atividades. Nas últimas décadas o Brasil tem avançado cientificamente em várias áreas, a agricultura brasileira é um exemplo disso. Então, quando falamos em cortar orçamento de pesquisa, estamos também reduzindo a capacidade do Brasil em competir com outros locais do mundo, onde o ciência e tecnologia são levadas a sério.
Para se ter uma noção da gravidade do fato, a redução do orçamento gerou uma mobilização internacional. Em uma carta assinada por 23 ganhadores do prêmio Nobel, os cientistas afirmaram que o corte danificará o Brasil por muitos anos, com o desmantelamento de grupos de pesquisa internacionalmente reconhecidos e uma fuga de cérebros que afetará,em especial, os melhores jovens cientistas. Mas o que isso influência na sua vida?
O custo da ciência e tecnologia está embutido em tudo, remédios, eletrônicos, construção civil e até na comida. Se o Brasil não produz ciência, ele paga para importar técnicas, patentes e produtos. Ou pior, não consegue se quer desenvolver algumas áreas, visto que em alguns casos, as técnicas para serem desenvolvidascom maior efetividade precisam considerar uma série de aspectos regionais.
A falta de investimento em ciência e tecnologia possui outro efeito negativo fortíssimo, conforme relatado na carta assinada pelos ganhadores de prêmios Nobel, devido à falta de apoio, ocorre a fuga dos pesquisadores para outros locais no mundo onde é possível fazer ciência e onde o pesquisador é valorizado. É triste, mas temos dinheiro sobrando para algumas coisas no Brasil e faltando para outras áreas tão vitais para o desenvolvimento de nossa nação.
Um dos fatos que mais me preocupa, é que esse tema mal foi debatido na grande imprensa, e tão pouco repercutiu nas mídias sociais. Uma verdadeira tragédia para o Brasil e para os Brasileiros, que está sepultada no silencio de nossa nação.

 

Caiubi Kuhn
Geólogo, mestre em Geociências pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
Docente do Instituto de Engenharia, Campus de Várzea Grande, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT);
Conselheiro-Titular do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA);
Diretor de Benefícios e Relações Sindicais do Sindicato dos Geólogos do Estado de Mato Grosso (SINGEMAT);
Presidente da Associação de Geólogos de Cuiabá (GEOCLUBE)
E-mail: caiubigeologia@hotmail.com

 



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