Defensora Pública diz que todo o Estado também aguarda por respostas
Defensora pública do Núcleo de Defesa da Mulher de Cuiabá (Nudem), Rosana Leite voltou a cobrar respostas quanto ao caso de agressão envolvendo o vice-governador Otaviano Pivetta (Sem partido), nesta quinta-feira (05). Segundo ela, todo o Estado de Mato Grosso aguarda respostas e não se pode mais descredibilizar a palavra das mulheres que são vítimas de violência doméstica.
Durante entrevista ao programa Dose Dupla, da Rádio Capital FM 101.9, a defensora ainda fez um comparativo sobre casos de violência doméstica que envolvem figuras públicas, como ocorreu com Iverson de Souza Araújo, o DJ Ivis, e o vice-governador de Mato Grosso. Ela lembrou ainda que, na primeira situação, as imagens das câmeras de segurança comprovaram que a vítima não estava mentindo.
“Imaginem vocês se não houvessem câmeras filmando toda aquela situação. E aí eu quero trazer o crédito à palavra da mulher. Quanto tempo nós não tivemos crédito e nossas palavras não tiveram crédito, justamente por naturalizar a violência. São crimes que acontecem dentro de casa, um xingamento se constitui em crime, um empurrão é uma lesão corporal e uma tentativa de feminicídio. Temos que deixar bem claro quando isso acontece”, comentou, em referência ao caso do DJ, preso após ter agredido a ex-mulher, Pamella Holanda.
Sobre a ocorrência registrada em Itapema, Santa Catarina, que resultou no indiciamento do vice-governador Otaviano Pivetta por lesão corporal contra sua mulher Viviane Kawamoto Pivetta, a defensora voltou a cobrar respostas sobre o caso. “Por ter havido várias situações dentro de um mesmo caso, desencontro de palavras, nós percebemos a vulnerabilidade que se encontra essa vítima e também em respeito aos Direitos Humanos das Mulheres fizemos uma carta aberta. Nós sabemos que a violência contra a mulher ela não tem classe, nem da vítima nem do agressor. A qualquer momento, qualquer pessoa pode ser vítima e qualquer pessoa pode ser agressor também”, afirmou Rosana Leite.
Nesta quarta-feira (04), defensoras públicas que integram o Grupo de Atuação Estratégica em Defesa da Saúde (Gaecid) Mulher de Mato Grosso e Núcleo de Defesa da Mulher (Nudem) de Santa Catarina cobraram do Governo do Estado de Santa Catarina apuração rigorosa do caso. Ao todo, oito defensoras públicas que atuam nos dois estados assinam o documento. “Não podíamos deixar essa situação dessa forma sem que nós nos manifestássemos pedindo a apuração do fato. Mato Grosso inteiro quer saber o que aconteceu. Estamos falando de uma das maiores autoridades do Estado de Mato Grosso. Então é isso que nós queremos com a carta, respostas”, voltou a cobrar a defensora.
Rosana Leite lembrou ainda que mesmo com todos os avanços conquistados após a promulgação da Lei Maria da Penha, há 15 anos, ainda é preciso avançar muito nas discussões e ações sobre o tema para garantir mais segurança às vítimas de violência doméstica.
“Precisamos entender que essa violência não é um mimimi, que é um sofrimento real e dar crédito a palavra das mulheres. Eu acho que é isso que falta para que as mulheres se sintam mais seguras”, finalizou.
AGRESSÃO EM SANTA CATARINA - O laudo feito pelo Corpo de Bombeiros no dia em que foi registrada a agressão aponta que a vítima estava consciente e com sinais vitais normais, tendo relatado dores na região da cabeça, lábios, braços e pernas. "Na avaliação segundária foram observadas escoriações e edemas na região do crânio, braços, no dedo anelar esquerdo, coxa esquerda, lábios e na região distal anterior da coxa esquerda", diz trecho.
Segundo o delegado Rafael Chiara, responsável pelo caso, Pivetta teria agredido a mulher em um apartamento na cidade catarinense na noite de 7 de julho. A Polícia Civil de Santa Catarina indiciou o vice-governador por lesão corporal leve contra Viviane. O Ministério Público de Santa Catarina tem até 15 dias para se manifestar sobre o caso de agressão envolvendo o vice-governador.
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